O Inep, órgão do Ministério da Educação que realiza o Enem, diz ter quase certeza de que o documento vazou de uma gráfica de Barueri (Grande São Paulo) onde a prova foi impressa. A gráfica foi contratada pelo consórcio que venceu a licitação para realizar o Enem, o Connase (Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção).
O custo previsto para realização do Enem é de R$ 52,9 milhões. O consórcio é formado por três organizadoras de concurso - Cpnsultec, Funrio e Instituto Cetro. O furto da prova deve ter ocorrido no momento da impressão, segundo o Inep.
Prova é cancelada
O Ministério da Educação confirmou na manhã desta quinta-feira (1º) o cancelamento das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que seriam realizadas no próximo fim de semana. A decisão foi tomada porque o conteúdo do exame vazou em São Paulo.
O jornal O Estado de S. Paulo informou ao ministro da Educação, Fernando Haddad, que teria sido procurado na quarta-feira (30) por um homem que disse, ao telefone, ter as duas provas e que as entregaria em troca de R$ 500 mil. As provas seriam aplicadas nos próximos dias 3 e 4 de outubro em 113.857 salas de 10.385 escolas diferentes.
Ao todo, 4,1 milhões de candidatos se inscreveram no exame. A partir deste ano, o Enem é requisito para a entrada em pelo menos 40 universidades federais, além de ser necessário para quem disputa uma bolsa do ProUni (Pograma Universidade para Todos). O ministro dará uma entrevista coletiva agora de manhã para falar sobre a decisão.
O ministério afirma ter outra versão da prova, que deve ser realizada em até 45 dias em substituição ao exame vazado. A decisão foi tomada após o ministro confirmar o vazamento com o Inep, órgão responsável pelo Enem. O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, comentou o cancelamento da prova ao jornal:
- Há fortes indícios de que houve vazamento, 99% de chance.
R7 também foi procurado
A reportagem do R7 também foi procurada na quarta-feira (30) por um homem que mostrou um caderno com as supostas questões que seriam cobradas no domingo - uma delas trazia no enunciado a "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias, e outra abordava a música "É Proibido Proibir", de Caetano Veloso. O tema da redação era o Estatuto do Idoso.
O caderno trazia selos do Enem, do MEC e do Inep (órgão do ministério que realiza o Enem). Ele foi vazado na última segunda-feira (28) à noite, segundo o grupo que procurou a reportagem. Eles pediram R$ 500 mil para vender os cadernos de prova junto com um dossiê informando como foi feito o vazamento. O R7, no entanto, não se comprometeu com a compra do material.
Dois homens do grupo procuraram a reportagem com os documentos - um deles disse se chamar Fábio. Eles afirmam que "querem levantar dinheiro" e que o documento é legítimo. O documento foi vazado por um agente da Polícia Federal, segundo um dos homens.
- Isso vazou para mim através de um colega que é da PF, de Brasília. Ele tinha cargo dentro do Congresso e perdeu por conta de uma indicação política. É uma forma de se vingar e de levantar dinheiro.
O grupo afirmou que o documento poderia "derrrubar o Enem e o Ministério da Educação". A prova que o grupo mostrou à reportagem tinha 45 questões de matemática, 45 de linguagens e uma redação, exatamente como o modelo que seria aplicado no domingo.
- Sou filho de desembargador, tenho 26 anos e trabalho como auxiliar do Ministério Público. Somos todos trabalhadores, mas isso caiu no nosso colo. Queremos vender para ganhar dinheiro com isso, mas nunca fizemos isso, não temos experiência. Tenho medo da nossa integridade física, porque isso vai derrubar a prova que vale para todas as universidades federais.
O grupo disse ter "amparo legal" de um advogado e cópias do documento registradas em cartório para o caso de serem processados.
- Não tenho como provar, mas o documento vazou para filhos de deputados e diplomatas em Brasília também.
Fonte: http://noticias.r7.com/vestibular-e-concursos/noticias/prova-do-enem-vaza-e-ministerio-da-educacao-cancela-teste-20091001.html
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